sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Infinínfimos VI - Amy Winehouse

A despeito das críticas, quase todas idiotas ou misóginas, deixo aqui o registro da minha consternação pela morte da Amy Winehouse; uma morte anunciada pelos mesmos tablóides que vilipendiaram sua breve e brilhante existência. Uma voz preciosa, compositora sincera (apesar de tão profundamente perturbada), com vocabulário próprio e arranjos virtuosos, tão jazzísticos que custei a acreditar que se tratava de uma menina de vinte e poucos anos e não de uma musa dos anos 50. Back to Black é uma obra-prima sem paralelos no universo da soul music nos últimos 30 anos. Por isso, considerá-la apenas como mais uma dessas pirralhas loucas e drogadas é simplesmente uma irresponsabilidade; um erro que a história irá tratar de corrigir. Quem assistiu ao último filme do Woody Allen sabe aonde estou querendo chegar; até a geração de Gauguin e Van Gogh achava que os artistas mais populares da sua época eram excrescentes. Tempo tempo tempo, canta o Caetano. Só ele é capaz de dizer o que é eterno, e até quando. You know i´m no good e Back to Black são duas pérolas incrivelmente líricas, principalmente em tempos de raps e funks e tantas outras porcarias industrializadas e merdas brancas com selo do Bronx. É uma pena que artistas como a Amy Winehouse, como Jim Morrison e Janis Joplin sejam tão tão frágeis no fogo cruzado desse lego industrificial e custem durar mais do que uns parcos 27 anos. Por outro lado, são poucos os velhos que nos deixam coisas tão absolutamente preciosas.

Evoé!
Marcelo Reis de Mello.

Nenhum comentário:

Postar um comentário