terça-feira, 10 de julho de 2012

Jorge Luis Borges



Ausencia

Habré de levantar la vasta vida
que aún ahora es tu espejo:
cada mañana habré de reconstruirla.
Desde que te alejaste,
cuántos lugares se han tornado vanos
y sin sentido, iguales
a luces en el día.
Tardes que fueron nicho de tu imagen,
músicas en que siempre me aguardabas,
palabras de aquel tiempo,
yo tendré que quebrarlas con mis manos.
¿En qué hondonada esconderé mi alma
para que no vea tu ausencia
que como un sol terrible, sin ocaso,
brilla definitiva y despiadada?
Tu ausencia me rodea
como la cuerda a la garganta,
el mar al que se hunde.



Ausência

Haverei de levantar a vasta vida
que ainda agora é teu espelho:
cada manhã haverei de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
quantos lugares tem se tornado vãos
e sem sentido, iguais
a luzes no dia.
Tardes que foram moldura de tua imagem,
músicas em que sempre me esperavas,
palavras daquele tempo,
eu terei que quebrá-las com minhas mãos.
Em que talude esconderei minha alma
para que não veja tua ausência
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitiva e desapiedada?
Tua ausência me rodeia
como a corda à garganta,
o mar ao que se funde.

(tradução de marcelo reis de mello)

Aproveitamos este bonito poema de Jorge Luis Borges para anunciar que no dia 28 de Julho de 2012 iremos lançar o primeiro livro da nossa querida COLEÇÃO PLATERO no Espaço Apis, Lapa - Esquina da Riachuelo com Rua do Senado. Este primeiro livro é de traduções de poetas espanhóis e latinoamericanos. O segundo, a ser lançado em setembro, vem com traduções inéditas de e.e.cummings. Um grande abraço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário