terça-feira, 28 de junho de 2011

Não saias, rosa

A Oficina Experimental de Poesia começou. No primeiro encontro estudamos alguns aspectos da poesia do beat Allen Ginsberg e do barroco espanhol Luis de Góngora. Em contraste com a genial Sutra do Girassol (Inifinínfimo I) encontrei um poema belíssimo do bardo cordobês:

ROSA VÃ
Tradução de Fernando Mendes Vianna

Ontem nasceste, e morres amanhã.
A teu ser tão fugaz quem lhe deu vida?
Para viver tão pouco estás luzida,
e para não ser nada, tão louçã?

Se te enganou a formosura vã,
bem depressa a verás desiludida,
porque em tua beleza está escondida
a ocasião de morte temporã.

Quando te corte uma robusta mão,
que é lei da agricultura permitida,
grosseiro alento acabará tua sorte.

Não saias, rosa, aguarda-te um vilão.
Adia teu nascer para esta vida,
que teu ser antecipas para a morte.

Os encontros da Oficina acontecem todas as terças-feiras na Livraria Largo das Letras, em Santa Teresa, Rio de Janeiro / RJ. Informações e inscrições no site. O material utilizado está na Biblioteca da Oficina, também no site, e pode ser consultado por todos. Abraços.

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