.O Museu da Gráfica Subterrânea.
Rua Lêsnalia,55
Ali, em uma casa de três andares típica do final do século 19, a fachada descolorida traz um letreiro em russo em que se lê "Comércio de frutas do Cáucaso Kalandadze". Porém, a função mais importante desempenhada no local durante o período da Primeira Revolução Russa (1905-1907) era a de uma gráfica que imprimia folhetos conspiratórios contra o Czar.
O porão, uma espécie de depósito de caixas com frutas, era usado para esconder a entrada para a máquina de impressão, depositada em um buraco cavado na própria terra. De tão pequeno, o orifício original precisou ser ampliado pelo museu para os visitantes contemporâneos poderem vê-lo. A cavidade só comportava um funcionário por vez para manusear a máquina, e apenas por cerca de uma hora.
Como nos livros de Maksim Górki e de outros escritores da revolução, falsos compradores passavam pela venda e saíam com cestos aparentemente cheios de alimentos - na verdade, repletos de panfletos.
Para completar o cenário familiar e inspirar confiança, o "administrador" da frutaria, um revolucionário chamado Silovan Kobidze que participava ativamente de greves, levara ainda a esposa e o filho, de apenas seis meses, para viver consigo na casa.
Devido ao alto nível de profissionalismo conspiratório, a gráfica nunca foi descoberta pela polícia do Czar Como o museu existe desde 1924, sua composição original foi preservada nos mínimos detalhes, e o visitante pode percorrer todos os cômodos, inclusive o subsolo, com auxílio dos funcionários.
Reportagem publicada no Jornal Folha de SP,10/01/2013.
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